O Recreio receberá, em até cinco meses, de acordo com a prefeitura, um novo terminal de integração de BRTs. O empreendimento rodoviário, localizado entre o condomínio Barra Bali e o shopping Barra World, já nasceu polêmico devido aos transtornos causados pelas obras na região, que acarretaram, inclusive, a mudança do projeto original. Além de ter a função de interligar Transoeste, Transolímpica, Transcarioca e, futuramente, também o Transbrasil, o Terminal Recreio, como será chamado, deve ser uma válvula de escape para o Terminal Alvorada, já que poderá suportar até 30 mil passageiros. É o que explica o subprefeito da Barra e Jacarepaguá, Alex Costa:
— Estamos falando de uma área construída de quatro mil metros quadrados, que vai acomodar, fora dos horários de rush, de 15 a 18 BRTs, além de seus alimentadores. É uma obra que vai durar de quatro a cinco meses, pequena, e precisava ser feita. De modo amplo, ela faz parte da integração total das Trans, graças ao prolongamento da Transolímpica e à duplicação da Avenida Salvador Allende. O cidadão que quiser chegar a Deodoro (saindo do Recreio), por exemplo, não precisará mais ir até o Alvorada.
Outra mudança no tráfego da área será a retirada dos sinais em frente ao Barra Bali, o que, de acordo com Alex Costa, dará fluidez ao trânsito do trecho. A cerca de seis quilômetros de distância, no “cotovelo” contrário, serão retirados os sinais entre a Salvador Allende e a Abelardo Bueno, com o mesmo fim.
Para o desenvolvimento do projeto foram necessárias também algumas alterações nas pistas que circundam o canteiro de obras. As modificações, provisórias, segundo a subprefeitura, serão desfeitas após o término da construção.
Sobre as críticas às obras, o subprefeito ressalta que “não se faz omelete sem quebrar os ovos”. Moradores do condomínio Barra Bali são alguns dos vizinhos que vêm questionando diversos aspectos da construção. Um protesto chegou a ser feito no fim do ano passado, quando foram retiradas árvores que ficavam no local onde será erguido o terminal:
— Tem coisas que a gente consegue modificar, por meio das reuniões, da conversa, mas também não vou ficar refém de situações que não condizem com a realidade do bairro por causa de uma minoria. A retirada de árvores aconteceu porque era necessária. Assim como agora também vai acontecer, e isso não pode causar um histerismo. Toda retirada de árvores, em qualquer lugar da cidade, seja para obras da prefeitura ou da iniciativa privada, ou tem o remanejamento, dependendo da espécie, ou o replantio. Isso já aconteceu em obras de outras Trans.
A pressão acabou resultando em mudanças no andamento da obra. Após mais uma reunião com moradores do Barra Bali, na quarta-feira da semana passada, a subprefeitura atendeu a alguns pedidos. O tempo do sinal em frente ao condomínio Barra Sul, por exemplo, foi reduzido. Outro motivo de queixa era a distância a ser percorrida para se fazer o retorno, no sentido Recreio, na Avenida Salvador Allende. Uma nova opção já está funcionando, logo após o viaduto Orlando Raso. Alex Costa também está tentando, junto à CET-Rio, viabilizar a reabertura do retorno em frente ao shopping Barra World antes do fim da obra.
Também houve modificações no projeto original do Terminal Recreio, embora a prefeitura diga que não foram causadas pelas reclamações. As duas rotatórias a serem utilizadas pelos ônibus, planejadas inicialmente no nível da rua, agora ficarão superpostas, sendo uma delas subterrânea, o que fez diminuir o espaço necessário para sua construção. Assim, a área de lazer e a saída de carros do Barra Bali foram poupadas.Enquanto as obras não ficam prontas, moradores precisam enfrentar vias interditadas, tráfego e rota de ônibus alterados, barulho e poeira, incômodos típicos de grandes intervenções.
Ciente das reclamações, a subprefeitura diz que foram colocados agentes de trânsito perto do retorno por trás do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, ponto citado por Walkei, a fim de melhorar o fluxo do tráfego. Além disso, no outro retorno utilizado por moradores do Recreio para acessar a Salvador Allende, em frente ao Barra Sul, o tempo de sinal foi modificado.
Mas as reclamações não ficam restritas ao perímetro do canteiro de obras do terminal. Moradores do condomínio Minha Praia, na Salvador Allende enfrentam, há meses, problemas com a interdição gradual da via.
Desde então, dizem, a situação se agravou.
— O 832 não passa mais aqui, e a distância para a estação de BRT mais próxima é de mil metros. Andamos muito, e as condições do trajeto são horríveis, principalmente quando chove. E, à noite, por causa da falta de iluminação, fica muito perigoso — lamenta Breno Gomes, que precisa passar por uma ponte de madeira improvisada para chegar ao ponto de ônibus mais próximo.
Além da inauguração do Terminal Recreio, haverá mudanças no Terminal Alvorada antes das Olimpíadas de 2016. Um novo mergulhão, exclusivo para a passagem de carros de passeio, ligará a Avenida das Américas à Ayrton Senna, para quem vem do Recreio, no sentido Linha Amarela/Jacarepaguá. Outra mudança será a ampliação do espaço interno, a partir da transferência do posto do Detran que fica no Cebolão para o Recreio. A intenção é aumentar a capacidade do terminal. Com as transformações, a prefeitura, além de criar mais uma plataforma para ônibus de BRT no Alvorada, pretende aliviar o tráfego no entorno do Cebolão, normalmente sobrecarregado.
O mergulhão terá 300 metros de extensão. Começará na pista central da Avenida das Américas, sentido São Conrado, na altura da Cidade das Artes, e sairá na pista central da Avenida Ayrton Senna, nas imediações do Hospital Municipal Lourenço Jorge. A previsão da Secretaria municipal de Obras é começar o trabalho este mês. Para Alex Costa, as obras são urgentes, pois o Alvorada funciona, atualmente, com a metade de sua capacidade de operação. Enquanto isso, os usuários reclamam de superlotação: